Uma máscara de cobre quadrada retirada de uma tumba no sul dos Andes está mudando as nossas noções de onde e quando a metalurgia sofisticada apareceu pela primeira vez na América Pré-Colombiana.
Evidências arqueológicas sugerem que a metalurgia na América Pré-Colombiana apareceu pela primeira vez nos Andes, com o Peru sendo provavelmente o seu ponto de origem. Mas, conforme um novo estudo publicado na Antiquity mostra, a descoberta de uma máscara de 3 mil anos de idade no território argentino no sul dos Andes sugere que mais de uma região esteve envolvida no desenvolvimento dessa importante tecnologia.
A máscara de cobre altamente corroída foi descoberta em 2005, em La Quebrada del valle del Cajón. Aldeões notaram a máscara saindo do chão e notificaram uma equipe de arqueólogos que estava trabalhando perto da área. Uma escavação mais tarde revelou os restos de esqueleto dispersos de 14 indivíduos em uma única cova comum. O buraco está localizado próximo ao sítio arqueológico de Bordo Marcial, que era lar de uma vibrante comunidade por volta de 1.800 a 1.900 anos atrás.
Evidências arqueológicas sugerem que a metalurgia na América Pré-Colombiana apareceu pela primeira vez nos Andes, com o Peru sendo provavelmente o seu ponto de origem. Mas, conforme um novo estudo publicado na Antiquity mostra, a descoberta de uma máscara de 3 mil anos de idade no território argentino no sul dos Andes sugere que mais de uma região esteve envolvida no desenvolvimento dessa importante tecnologia.
A máscara de cobre altamente corroída foi descoberta em 2005, em La Quebrada del valle del Cajón. Aldeões notaram a máscara saindo do chão e notificaram uma equipe de arqueólogos que estava trabalhando perto da área. Uma escavação mais tarde revelou os restos de esqueleto dispersos de 14 indivíduos em uma única cova comum. O buraco está localizado próximo ao sítio arqueológico de Bordo Marcial, que era lar de uma vibrante comunidade por volta de 1.800 a 1.900 anos atrás.
À esquerda: a cova com os restos de esqueleto. O círculo mostra onde a máscara foi encontrada. À direita: desenho do sítio (Imagem: L. I. Cortés et al., 2017/Antiquity)
O túmulo parece ter sido um tipo de tumba, apresentando uma parede de rocha e contendo um pingente e uma máscara de cobre. A máscara estava sobre os corpos, sugerindo que foi usada durante uma cerimônia de funeral. Pelo fato de alguns dos ossos estarem com manchas verdes da máscara de cobre, os arqueólogos suspeitam que ela tenha sido enterrada junto com os corpos.
Uma datação por radiocarbono estimou que os ossos eram de algum período entre 1414 e 1087 a.C. Historicamente, esse foi um momento importante para a região, conforme os povos pré-colombianos transicionaram de caçadores-coletores para precursores de assentamentos agrícolas. E, conforme a nova análise da máscara, feita por Leticia Inés Cortés e María Cristina Scattolin, da Universidade de Buenos Aires, revela, essa população, em particular, já tinha se deparado com as maravilhas do cobre.
A máscara tem 17,78 cm de altura, 15,25 cm de largura e um milímetro de espessura. Buracos foram perfurados na máscara para formar um par de olhos, um nariz e uma boca. Nove buracos circulares foram feitos nas bordas; um fio ou outro material pode ter sido usado para entrepassar esses buracos, permitindo que uma pessoa pudesse vestir a máscara. Outra alternativa é que a máscara possa ter sido parte de algo mais amplo, cujos restos ainda não foram encontrados.
A máscara em si é feita de cobre puro, com impuridades menores que 1%. A fonte do cobre bruto provavelmente veio do Valle de Hualfín, na província de Catamarca, que fica a cerca de 70 km do sítio arqueológico e que hoje tem uma grande mina de cobre. Arqueólogos dizem que a máscara foi fabricada por meio de uma técnica repetitiva em que o cobre era reaquecido e martelado a frio.
O surgimento da metalurgia, e dos trabalhos em cobre, especificamente, representa um importante marco para as civilizações antigas. Conforme os humanos começaram a fazer experimentos com metais e foram melhorando sua elaboração para servir à sua vontade, civilizações se desenvolveram com isso. Por sua vez, isso resultou no uso expandido do cobre e, mais importante, no desenvolvimento do bronze (que é um metal muito duro, feito de cobre, arsênico e estanho), que era mais adequado para armas e ferramentas.
Existe muita evidência arqueológica de trabalho inicial de metalurgia nos Andes Peruanos, uma tecnologia que, eventualmente, se espalhou para outras áreas das Américas Central e do Sul. Evidências de fundição de cobre foram descobertas na Bolívia, datando dentre 3.160 e 2.200 anos atrás, e fragmentos de cobre laminado foram encontrados em Mina Perdida, Valle del Lurín, datando de cerca de 3.000 a 3.120 anos atrás. Mas nenhum desses artefatos havia sido intencionalmente moldado em uma forma reconhecível, tampouco perfurado ou transformado em objetos tridimensionais.
A descoberta de uma máscara humana de cobre na região de Cajón sugere que essa região foi um importante ponto de origem da metalurgia de cobre, ou pelo menos um lugar em que a tecnologia surgiu independentemente. Como concluem os pesquisadores em seu estudo, essa máscara de 3 mil anos de idade “empurra para trás a linha do tempo da produção de artefatos de cobre intencionalmente moldados nos Andes”.
Fonte: Antiquity
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