quarta-feira, 15 de junho de 2016

O mais antigo computador do mundo era usado para prever o futuro

Desde sua descoberta, em 1901, o mecanismo de Anticítera tem fascinado e mistificado pesquisadores do mundo todo. Só recentemente o seu funcionamento foi desvendado, mas a sua finalidade ainda era um mistério.

Segundo um recente estudo, que levou mais de uma década, o mecanismo de Anticítera não era utilizado por astrônomos para prever eclipses, ou mesmo por astrólogos para fazer prognósticos, embora ele tenha uma referência à cor de um futuro eclipse e o seu significado.

No último dia 9, um grupo de pesquisadores anunciou o resultado da análise de pequenas inscrições encontradas em várias partes do mecanismo. Com algumas letras medindo meros 1,2 mm, foram necessários técnicas especiais para revelar o texto escrito nas 82 diferentes partes que sobreviveram do mecanismo.

O que os pesquisadores revelaram é fascinante. Os 3.500 caracteres decifrados mostram que o mecanismo era mais uma ferramenta para um filósofo, falando do nosso lugar no cosmos, do que apenas um computador para calcular eclipses e a posição dos astros.

Os pesquisadores suspeitam de que esta seja a finalidade do mecanismo – não só prever a posição dos astros, mas o próprio futuro, principalmente considerando o trecho sobre a cor de um futuro eclipse e o seu significado.
 

“Ainda não estamos bem certos de como interpretar isso, para ser justo, mas pode ser que ele remeta a sugestões de que a cor de um eclipse era algum tipo de presságio ou sinal”, conta Mike Edmunds, um professor de astrofísica na Universidade Cardiff.

“Certas cores podem indicar um futuro melhor do que outras. Se for assim, e estamos interpretando isso corretamente, então este é o primeiro caso de um mecanismo com uma referência real à astrologia em vez de astronomia”, conclui ele.

Mas os pesquisadores apontam que, mesmo assim, o objetivo principal do mecanismo era astronômico, em vez de astrológico. Era como um livro-texto.

“Ele não era uma ferramenta de pesquisa, algo que um astrônomo usaria para fazer cálculos, ou mesmo um astrólogo para fazer prognósticos, mas algo que você usaria para ensinar sobre o cosmos e nosso lugar no mesmo”, acrescenta Alexander Jones, um historiador da Universidade Nova Iorque. “É como um livro-texto de astronomia como ela era entendida na época, que conectava os movimentos do céu e dos planetas com as vidas dos antigos gregos e seu ambiente”.

Outras coisas que os pesquisadores descobriram era que aparentemente o mecanismo foi feito na ilha de Rodes, e não foi o único a ser feito. Pequenas variações nas inscrições sugerem que pelo menos duas pessoas estiveram envolvidas na feitura do instrumento, mas é provável que outros foram recrutados para fazer as engrenagens. Com tantas cabeças envolvidas, provavelmente era o resultado da produção de uma pequena oficina, e não de uma única pessoa.

Fonte: Gizmodo

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