quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Objetos do Tesouro de Tutankamon no Museu Egípcio

Em novembro de 1922, depois de 6 anos de obras cansativas de escavação, o inglês Howard Carter conseguiu descobrir um túmulo real intato. Foi o túmulo do rei Tutankamon. No dia 4 de Novembro de 1922 a escada que dirige a entrada do túmulo foi achada e em 29 do mesmo mês o túmulo foi inaugurado oficialmente. O rei Tutankamon é um dos soberanos da dinastia XVIII, subiu ao trono quando tinha 10 anos e faleceu quando tinha 18 anos de idade. Na realidade o jovem rei foi sepultado em um pequeno túmulo provisório em proporção com os outros grandes túmulos dos monarcas egípcios da mesma época. O túmulo consta de um corredor, uma antecâmara, a câmara mortuária, e duas salas; a primeira é conhecida como o anexo e a segunda é a câmara do tesouro. Dentro do túmulo de Tutankamon, foram achados tesouros fabulosos que atualmente estão expostos no Museu Egípcio do Cairo.

As Duas Estátuas de Tutankamon (Estátua do Ká)

Estas duas estátuas que pertence ao jovem rei Tutankamon, foram achadas em frente da antecâmara como se fossem guardas do túmulo. As duas estátuas foram representadas com uma inclinação minuciosa como se recebessem quem entra no túmulo. Também se acredita que são as estátuas da Ká do rei que substituem o corpo original do defunto. Além disso, as inscrições gravadas no toucado real chamado do cfnt (Afnet) da estátua localizada ao lado esquerdo menciona que é a estátua da Ka ( o duplo, ou espírito da força vital) do rei, em quanto a inscrição da outra estátua do toucado do (Nemes), no lado direito menciona-se que essa estátua foi dedicada ao rei vivo. Ambas as estátuas são de madeira revestida de betume e partes delas são douradas. A frente do rei está protegida pela cobra sagrada feita de bronze. As pestanas dos olhos são de bronze dourado, a brancura dos olhos é de calcita, enquanto que a parte preta é de obsidiana. O rei está representado com uma saia elegante, em torno do seu pescoço existe um colar de amuletos. Os seus braços estão adornados com braceletes. A estátua está guardando um maço de guerra e um pau comprido. O rei está calçado de sandálias de bronze dourado. O corpo está pintado de preto porque é a cor de Osíris e simboliza à morte e a fertilidade.



A Caixa Dourada

Esta caixa impressionante de madeira pintada foi achada na antecâmara do túmulo do rei Tutankamon. Qunado abriram a caixa encontraram muitos amuletos, escaravelhos, colares, sandálias, e um par de papiros. A caixa tem patinhas curtas e um botão fixo na tampa para fazer abrir e fechar. Os seus lados estão decorados de cenas diferentes. Os dois lados grandes estão ornamentados com cenas bélicas sob a proteção de o disco solar e a deusa abutre Nekhpet. O rei está representado em tamanho maior do que as outras figuras é a figura dominante da cena em termos de tamanho e conteúdo. O faraó está lançando setas, conduzindo a carroça de combate de dois cavalos em arrojo e coragem máxima destruindo as forças dos inimigos. Por trás do rei se encontra o exército egípcio que está em ordem e disciplina completa. Entre os soldados encontram-se os portadores de lanças e portadores de porta bandeira. Em uma cena o artista mostra a batalha contra os Sírios, enquanto em outra cena os inimigos derrotados são os núbios. É notável que os inimigos figurados em ambas as cenas estão em desordem e caos, deitados no chão com feridas. A tampa está decorada com a cena de caça no deserto. O rei acompanhado pelos seus cavaleiros e soldados está representado a caça de diversos animais como os leões, gazelas, antílopes, hienas, burros ferozes, e avestruzes. É curioso mencionar que todas as cenas bélicas não são reais mas são tradicionais que simbolizam o poder e a força do jovem rei, pois como se sabe Tutankamon nunca realizou uma batalha contra os inimigos tradicionais do Egito.



Estátuas diferentes do rei Tut

Na realidade, 32 estátuas do rei Tutakamon foram achadas dentro do seu túmulo no Vale dos Reis em Luxor; sete delas representam o rei jovem sozinho enquanto as outras representam o rei com outros deuses. Esta estátua foi coberta com linho decorado de Hieróglifos mostrando que a estátua foi feita para o rei Tutankamon no terceiro ano do seu reinado. A estátua é de madeira pintada e dourada. O rei está representado segurando uma lança, no pântano do Delta, apanhando uma barca de papiros de cor verde com partes douradas. Debaixo do barco existe um pedestal de madeira preta. O rei está representado com a coroa vermelha do Baixo Egito, a sua frente está protegida pela cobra divina, o seu pescoço está adornado por um colar, e veste de uma saia com cinto. O rei esta representado aguardando uma lança em uma mão e um cordel na outra mão. Além disso, está calçado de sandálias. As pestanas dos olhos são de bronze dourado, a parte branca é de calcita enquanto a parte preta é feita de obsidiana. A cobra, a lança, e as sandálias são de bronze dourado, mas o cordel é de bronze puro. Esta estátua oferece-nos uma evidência importante do dinamismo na Arte dos antigos egípcios. Além disso, pode ser que está associada com duas lendas antigas, a primeira é a lenda de Rá-Hor-Akhty que está gravada nas paredes do templo de Edfu e a segunda é a lenda da luta árdua entre Hórus e Set.



A Cadeira Maravilhosa De Tutankamon

Conhecido como o trono, mas se acredita que o trono era muito maior. É a cadeira mais maravilhosa entre seis cadeiras fabulosas achadas no túmulo do rei Tutankamon no Vale dos Reis em Luxor. Foi achada na sala conhecida como a antecâmara do túmulo do rei. É de madeira revestida de lâminas de ouro, e ornamentada com pedras preciosas e semipreciosas juntamente com pedaços de vidro policromados. Os braços do trono tomam a forma de duas serpentes asadas que levam a coroa dupla protegendo os cartuchos do rei. As patas frontais do trono têm forma de duas cabeças de leão como um sinal de poder e proteção, provavelmente estas duas partes foram feitas separadas e logo foram compostas ao corpo do trono. Entre as patas do trono havia o sinal de Sama-Tawy, ou seja, o sinal da unificação das duas partes do Egito pela união do papiro e o lótus, mas infelizmente está quebrado atualmente. A cena principal do trono mostra um friso de cobras, e por cima, no centro, o deus Atón está representado pelo disco solar, estendo os raios que terminam por mãos, dando o sinal da vida Ankh ao rei e ao casal real. Tutankamon está sentado comodamente no trono com coxins, representado com uma peruca azul feita de vidro, rodeado da cobra que protege a frente do rei. Sobre a peruca encontra-se uma coroa composta. O rei veste de uma saia prateada com um cinto central enquanto os seus pés estão pisando sobre um pedestal decorado de figuras núbias e asiáticas. Em frente do rei, a rainha está figurada de pé tocando com uma mão o ombro do rei como um sinal de ternura e amor ou está untando o ombro do esposo com unguento perfumado. E com a outra mão está a segurar uma jarra pequena de unguento. A rainha Ankhesenpa está representada com uma peruca comprida feita de vidro azul, a sua frente está protegida pela cobra sagrada, levando um diadema decorado de cobras e rodeado do disco solar com duas plumas altas e dois chifres. Ela leva um vestido, recoberto de prata e pedras semipreciosas. É curioso que o casal real está calçado de um só par de sandálias, provavelmente era um sinal de união entre os dois, mas também pode ser que havia dois pares de sandálias, mas as sandálias exteriores foram partidas por uma razão ou outra. Existe um pedestal localizado em frente do trono que é de madeira gessada, dourada, e incrustada de faiança e pedras azuis. O pedestal está ornamentado com o sinal de Neb e rekhyt. Também há uma representação dos inimigos tradicionais do rei do Egito naquela época; os asiáticos e os núbios, isto significa que os inimigos do Egito estavam submissos ao poder do rei. Nas costas do trono encontram-se quatro cobras com o disco solar como um sinal de proteção. Existem também três colunas com inscrição em Hieróglifos, duas dedicadas ao rei e uma dedicada à rainha que indicam os seus nomes e títulos reais.



O Senet

No anexo do túmulo do rei Tutankamon foram encontrados quatro tabuleiros de jogo do Senet com as peças. Na realidade, o jogo de Senet era um jogo popular nos tempos mais cedos da História do Egito. Esse jogo está representado nas paredes das Mastabas de Saqqara, também há uma cena nas paredes do templo de Madinet Habu que ilustra o rei Ramsés III jogando o Senet com as suas filhas. Provavelmente fosse um jogo comum e popular entre todas as classes sociais. A palavra “Senet” significa passar” Talevz se refira à passagem do morto através do além-túmulo. No começo do capítulo número 17 do Livro dos Mortos há frases sobre o Senet, mencionando que umas das mais importantes obras do difunto no além-túmulo é jogar o Senet, isto significa que talvez fosse um jogo funerário durante a sua jornada do falecido no mundo dos mortos. O tabuleiro é de ébano, e está montada sobre um marco que tem forma de patas de leão. Os quadros da tabuleiro e as patas são feitos de marfim. O tabuleiro tem 30 quadros de marfim e duas gavetas em que se guardam as peças de jogo.



Estatuetas de Oshapty

As figurinhas de Oshapty são pequenas estátuas de materiais diferentes que se colocavam no túmulo. Shawpty ou Shapty é uma palavra egípcia antiga, que durante o tempo do Médio Reino foi derivada da palavra egípcia “sbd” (Shebed) que significa cajado ou “sbt ” (shebet) que significa trabalho obrigado. A partir do Novo Reino a palavra foi derivada do verbo “wsp” (weshep) que significa responder. Essas figurinhas tem a forma de uma múmia em que as vezes umas frases estão escritas em Hieróglifos mencionando os nomes e títulos do defunto junto a umas frases mágicas do capítulo número 6 do Livro dos Mortos. Segundo as crenças dos egípcios antigos, no paraíso o morto vai exercer as tradicionais obras agrícolas, por isso essas estatuetas deveriam exercer as tarefas pedidas na vez do morto. O número dessas figurinhas era variável de uma época a outra, no Novo Reino o número passou a ser mais de 400. No túmulo de Tutankamon havia 413 estatuetas; 365 representam os dias do ano junto a 36 que representam os chefes dos trabalhadores, pois cada dez trabalhadores eram presididos por um chefe, e enfim 12 que representam os números dos meses do ano. As estatuetas são feitas de materiais diferentes, calcita, faiança, pedra calcária, azulejo, cerâmica etc. 29 dessas estatuetas têm inscrições do capítulo número 6 do Livro dos Mortos que indicam a função dessas pequenas estátuas como substituintes do morto para fazerem os diversos trabalhos no além-mundo, conforme as crenças do antigo Egito. Muitas delas têm aspectos faciais diferentes do que as do rei verdadeiro, e estão representadas com distintos tipos de toucados, coroas, e perucas. Também havia 1866 modelos pequenos de ferramentas agrícolas de cobre, faiança e madeira como que representam cestos, jugos, e cinzeis.



Estatua do Chacal Anubis

Esta estátua que representa o deus-chacal Anúbis foi encontrada no túmulo do rei Tutankamon que reinou por 10 anos (1347-1337 A.C aprox.) no Vale dos Reis em Luxor. A estátua tem 270 cm de comprimento e 118 cm de altura. Anúbis que tem a forma de um chacal era um deus muito importante no Antigo Egito e foi considerado o protetor da necrópole, o guardião do monte dos mortos, e o guia que orienta os mortos no além-mundo para a Sala de Osíris. Também segundo as crenças egípcias antigas, Anúbis foi o inventor da mumificação, nas cenas antigas aparece Anúbis guiando o defunto à sala do Tribunal Final diante de Osíris onde ocorre o processo do Peso do Coração. Originalmente, e no momento da descoberta do túmulo de Tutankamon, a estátua do chacal Anúbis estava envolvida com uma camisa ou tecido de linho datada do sétimo ano do reinado de Akhenaton. Esta estátua foi esculpida de madeira vernizada e incrustada de resina preta. O interior das orelhas, a cinta que adorna o pescoço e o colar floral são dourados. As pestanas dos olhos são de ouro enquanto as incrustações internas são de calcita e obsidiana. As garras do chacal são de prata. Anúbis está representado agachado sobre uma caixa de madeira dourada que tem forma de um santuário com quatro postes adornado com cavetto cornija rodeado de um tipo de decoração, conhecido como torus moulding. Os lados da caixa estão decorados com os dois sinais tradicionais Tit e Djed; o sinal de Tit foi o símbolo da deusa Isis enquanto o Pilar do Djed simboliza á coluna vertebral de Osíris. Além disso, a caixa está ornamentada com amuletos de faiança azul. Provavelmente esta estátua foi usada durante as procissões funerais.



Os Quatro Santuários de Madeira

Estes quatro santuários de madeira dourada foram colocados na câmara mortuária do túmulo do rei Tutankamon, cada um estava insertado dentro do outro como a forma da caixa chinesa. No santuário mais interior foi encontrado um sarcófago de quartzo com uma tampa de granito em que outros três cofres antropoides foram achados; dois são feitos de madeira dourada enquanto o terceiro é de ouro puro e inclui a múmia do rei envolvida inteiramente em linho e sobre a sua cara havia a máscara famosa. Provavelmente estes santuários funcionavam como o corredor longo tradicional nos túmulos do Vale dos Reis durante o período do Novo Reino porque o túmulo em que o rei foi enterrado foi provisional e pequeno.



*O primeiro Santuário é conhecido como o Pavilhão do Heb-Sed. É um santuário feito de madeira dourada decorado do cavetto-cornija, Torus Molding e sinais de Tit e Djed que simbolizam a Isis e Osíris. O santuário tem uma porta de duas partes; na porta encontra-se o sinal de Ankh, e um animal decapitado, provavelmente este animal foi figurado neste lugar para dar proteção e evitar o perigo dos animais ferozes no além-túmulo. O interior do santuário está ornamentado com frases do “Livro dos Mortos” sobretudo, da lenda da “Destruição do Ser Humano”

* O segundo santuário chama-se o Pavilião do Pr-Wr, que sgnifica “A Grande Casa” o que se refere ao santuário da deusa Nekhbet que era representada na forma de uma abutre. Nekhbet era o emblema do Alto Egito. Nas costas do santuário encontra-se uma cena que representa a deusa Isis e a deusa Neftis abrindo as suas próprias asas. Numa parte da porta do santuário há uma cena que ilustra o rei entre Osíris e Isis, enquanto na outra parte a deusa Maat apresenta o rei que está representado com duas plumas e o disco solar com dois cornos ao deus Rá-Hor-Akhty que tem cabeça de falcão. No lado do santuário existem textos enigmáticos ou de magia negra junto a umas figuras. O lado está decorado de figuras distintas como a cobra que puxa o fogo na frente de várias divindades, estrelas, e múmias sem cabeças. Também existe uma cena que ilustra a cobra que cuspe fogo perante um leão. No outro lado do santuário encontra-se uma representação de uma figura que leva o nome “Quem Esconde Hórus”, o corpo está rodeado de serpente, e na sua barriga existe o disco solar e uma ave com dois chifres junto a outras divindades que seguram cordéis.

* O terceiro santuário chama-se o pavilhão de Pr-wr e está decorado também de cornija e torus mouolding. As cenas são tomadas do Livro de “Imy-dwat” que significa o mundo do além-túmulo. Também se encontram cenas que mostra a viagem diária do deus Rá, que ilustra Rá na sua procissão precedendo por quatro barcos que carregam outros deuses.

* O quarto santuário chama-se também o Santuário de Pr-Wr que simboliza ao santuário de Wadjt, a deusa-serpente que era o emblema do Baixo Egito. Este santuário tem decorações semelhantes aos dos outros santuários, mas na parte posterior encontra-se uma cena que representa as deusas Isis e Neftis abrindo as suas asas. Há também os dois olhos de Wadjt que foram consideradas como o meio de contato que admite ao morto ligar com o mundo dos vivos. Nos outros lados do santuário encontras-se figuras que representam diversos deuses como; Djwhoty, Hapi, Anúbis, Qebeh-Snw-F, Imset, Dwamwt-if, Geb e outros.

Fonte: descobriregipto.com


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