terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dez Mitos sobre o antigo Egito

O Antigo Egito, com sua ciência, cultura, religião, tem exercido enorme fascínio sobre o homem moderno. Envolta numa aura de mistério, alimentada por constantes descobertas arqueológicas,  a civilização egípcia tem atiçado a curiosidade nos mais variados campos do conhecimento humano e é claro, tem produzido inúmeros mitos. Conheça os 10 principais.



10 - A beleza de Cleópatra

Cleópatra, a última monarca do Antigo Egito, sempre foi uma figura cultural famosa por sua beleza sedutora. Esta ideia foi perpetuada por todo mundo, de Shakespeare ao filme do diretor Joseph L. Mankiewicz. No entanto, moedas romanas mostram Cleópatra com características masculinas: um nariz grande, um queixo protuberante  e lábios finos , o que convenhamos, não é o arquétipo de beleza em nenhuma cultura. Por outro lado, ela não era carente de neurônios; fontes contemporâneas mostram Cleópatra como  carismática e inteligente, ao invés de possuir a beleza física. 

9 - Obsessão com a morte

Ler sobre os antigos egípcios com suas pirâmides, múmias e deuses imponentes, pode levar à conclusão de que eles estavam obcecados com a morte. Na verdade, nada poderia estar mais longe da verdade. O grande trabalho que os egípcios tinham em enterrar os mortos era uma maneira de glorificar a vida. Por exemplo, muitas das ilustrações que adornam o interior dos túmulos são celebrações da agricultura, caça e pesca.  Claramente os egípcios eram obcecados com a vida, não  com a morte. 

8 - Contato com alienígenas

Alguns acreditam que os egípcios estavam em contato com alienígenas. Elas alegam que as pirâmides são realizações sobre-humanas e que alguns murais retratam realmente extraterrestres. Isto é simplesmente um insulto para o legado dos antigos egípcios. Embora a Grande Pirâmide de Gizé seja matematicamente impressionante, a sua construção não foi além da engenhosidade dos astrônomos, estudiosos e arquitetos da época. 


7 -Totalmente estudado

Muitos acreditam que tudo sobre o Egito Antigo já foi descoberto e que a egiptologia é um assunto morto e enterrado. Isto é simplesmente incorreto. Descobertas fascinantes ainda estão sendo feitas diariamente sobre o Egito Antigo, lançando nova luz sobre sua civilização. Por exemplo, a "barca solar"  da gravura acima. 




6 - Hieróglifos

As pessoas parecem supor que os antigos egípcios inventaram os hieróglifos. No entanto, hieróglifos primitivos provavelmente eram trazidos para o Egito por invasores da Ásia Ocidental. Outro mito, alimentado pelas imagens de cobras e pernas sem corpo, é que os hieróglifos eram uma linguagem de maldições e encantamentos mágicos. Na realidade, a maior parte dos hieróglifos foram usados ​​para inscrições inócuas ou representações históricas. Maldições são raramente encontradas em túmulos. 


5 - Pirâmides decoradas

Hieróglifos cobrem o interior de muitos túmulos egípcios antigos e palácios. Mas ao contrário do mito, as pirâmides são relativamente sem decoração. De fato, até recentemente, pensava-se que a pirâmide de Gizé não tinham decoração alguma por dentro. Esta suposição foi quebrada quando  hieróglifos foram encontrados atrás de uma porta secreta na Grande Pirâmide, há alguns meses. Além disso, as pirâmides não eram todas da cor da pedra  calcária de 4000 anos atrás; algumas seções, como pilares interiores, eram pintadas de vermelho ou branco. Esta pintura básica e a escrita escondida, ainda deixam as pirâmides extremamente austeras, é sua arquitetura que eleva as pirâmides como os edifícios de pedra mais antigos e  populares do mundo.


4 - Faraós matavam seus servos

Quando os faraós morriam, seus servos não eram mortos e enterrados com eles como popularmente se acredita, mas há algumas exceções. Dois faraós da Primeira Dinastia do Egito são conhecidos por terem tido seus servos sepultados com eles. A tendência humana de generalizar, levou ao mito de que esta era uma prática comum entre todos os outros 300  faraós que reinaram no Egito Antigo.



3 - Escravos construíram as Pirâmides

A ideia de que  escravos construíram as pirâmides no Egito, tem circulado desde  que historiador grego Heródoto espalhou o boato no século 5 A.C. Ele foi desmentido quando túmulos contendo os restos mortais dos construtores das pirâmides foram encontrados ao lado das pirâmides de Gizé. Ser enterrado ao lado dos divinos faraós  seria a maior honra, nunca concedida a escravos. Além disso, um grande número de ossos de gado escavados em Gizé, mostram que a carne bovina, uma iguaria no Egito Antigo, era um alimento básico dos construtores. Os construtores das pirâmides eram, evidentemente, altamente qualificados artesãos egípcios, e não escravos como Hollywood ou talvez a Bíblia fazem as pessoas pensarem.


2 - A escravidão dos israelitas

Este surge na sequência do último mito e é obviamente uma questão delicada. Infelizmente para aqueles que seguem a Bíblia como um relato literal da história, não há nenhuma evidência para sugerir que os israelitas foram escravizados no Egito Antigo. Sabemos muito sobre os antigos egípcios de seus registros completos, mas eles nunca mencionam manter uma raça de escravos, eles nunca mencionam as dez pragas e não há nenhuma informação arqueológica que mostra milhões de hebreus habitando o Egito ou o deserto. Além disso, a fuga de milhões de escravos teria destruído a economia egípcia, mas ela foi próspera durante todo o segundo milênio A.C, quando o êxodo supostamente aconteceu.



1- A maldição dos faraós

A maldição que atingiu aqueles que abriram o túmulo do faraó Tutancâmon é tida como um fato comprovado, mas é pura ficção. O mito é que uma maldição lançada por Tutancâmon matou o  patrocinador Lorde Carnarvon e outros membros da expedição. Embora alguns creiam em  teorias de fungos perigosos e gases acumulados no interior da tumba, a morte não precisa de uma explicação especial. Apenas 8 dos 58 presentes na descoberta da tumba morreram dentro de uma dúzia de anos. O líder da expedição de Carter, o alvo mais óbvio para uma maldição, viveu por mais 16 anos.  A maldição é um excelente exemplo do impulso das pessoas a acreditar em uma história emocionante em vez de nos fatos.

Fonte:  LitVerse


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O gás do Oráculo de Delfos

O templo de Apolo, incrustado na fascinante paisagem montanhosa de Delfos, abrigava o poderoso oráculo e era o mais importante local religioso do antigo mundo grego. Os generais buscavam conselhos do oráculo a respeito de estratégias de guerra. Os colonizadores procuravam orientação antes de suas expedições para Itália, Espanha e Africa. Os cidadãos consultavarn-no sobre investimentos e problemas de saúde. As recomendações do oráculo emergiarn de forma notável nos mitos.

Quando Orestes perguntou-lhe se deveria vingar a morte de seu pai, assassinado por sua mãe, foi encorajado. Édipo, avisado de que mataria o pai e se casaria corn a mãe, esforçou-se para evitar este destino, mas fracassou de forma célebre.

O Oráculo de Delfos funcionava numa área específica, o ádito ou "área proibida", no núcleo do templo, e por meio de uma pessoa específica, a pitonisa, escolhida para falar em nome de Apolo, o deus da profecia. A pitonisa era mulher, algo surpreendente se levarmos em conta a misoginia grega. E, contrastando com a maioria dos sacerdotes e sacerdotisas gregos, a pitonisa não herdava sua posição pela nobreza de seus vínculos familiares. Embora devesse ser natural de Delfos, podia ser velha ou jovem, rica ou pobre, bem-educada ou analfabeta. Ela passava por um longo e intenso período de treinamento, assistida por uma congregação de mulheres de Delfos, que zelavam pelo perpétuo fogo sagrado do templo.

A tradição atribuía a inspiração profética do poderoso oráculo a fenômenos geológicos: uma fenda na terra, um vapor que subia dela e uma fonte de água. Há mais ou menos um século, os estudiosos rejeitaram esta explicação quando os arqueólogos, escavando o local, não encontraram qualquer sinal de fenda ou gases. Mas o antigo testemunho está bastante difundido e provém de várias fontes: historiadores como Plínio e Diodoro, filósofos como Platão, o dramaturgo Esquilo e o orador Cicero, o geógrafo Estrabão, o escritor e viajante Pausânias e ate mesmo um sacerdote de Apolo que serviu em Delfos, o famoso ensaísta e biografo Plutarco. Estrabão (64 a.e.c.- 25 d.e.c.) escreveu: "Eles dizem que a sede do oraculo é uma profunda gruta oculta na terra, com uma estreita abertura por onde sobe um pneuma [gás, vapor, respiração, daí as nossas palavras 'pneumático' e 'pneumonia'] que produz a possessão divina. Uma trípode é colocada em cima desta fenda e, sentada nele, a pitonisa inala o vapor e profetiza". Era o treinamento prévio e a purificação (que incluía, certamente, a abstinência sexual e, possivelmente, o jejum) da mulher escolhida que a tornavam sensível a exposição ao pneurna.

Uma pessoa comum poderia sentir o cheiro do gás sem entrar em transe oracular Plutarco tambérn relatou algumas características físicas do pneuma. Seu cheiro assemelhava-se ao de um delicado perfume. Era emitido, Como se viesse de uma fonte", no ádito em que a pitonisa estava acomodada, mas os sacerdotes e as pessoas que iam consultá-la podiam, em algumas ocasiões, sentir o aroma na antecâmara onde aguardavam as respostas.

O pneurna podia surgir como um gás livre, ou na água. Na época de Plutarco, a emissão tornara-se fraca e irregular, o que causara, em sua opinião, o enfraquecirnento da influência do oráculo de Delfos nos assuntos do mundo. Ele sugeriu que a essência vital esgotara-se, ou que intensas chuvas a diluíram. Ou, ainda, que um terremoto havia mais de quatro séculos bloqueara, em parte, esse escoamento Talvez, considerou, o vapor tivesse encontrado uma nova passagem. As teorias de Plutarco sobre a redução da emissão deixam claro que ele localizava sua origem numa rocha abaixo do templo.

Nas amostras foram encontrados produtos da decomposição do etileno, que poderia ser o aroma agradável descrito por Plutarco

Plutarco e outras fontes assinalam que, durante as sessões normais, a mulher que servia como pitonisa entrava em um transe suave. Ela era capaz de sentar-se aprumada na trípode e com voz alterada, cantar, as respostas, permitindo-se jogos de palavras e trocadilhos. Após a sessão, segundo Plutarco, ela se parecia com um corredor após uma maratona, ou uma dançarina ao final de uma dança extática. Em uma ocasião, que ou o próprio Plutarco ou um de seus colegas testemunharam, as autoridades do templo forçaram a pitonisa a profetizar em um dia não propício, para agradar os membros de uma importante comitiva. Relutante, ela se dirigiu para o ádito subterrâneo e foi imediatamente tomada por um espírito poderoso e maligno. Nesse estado de possessão, em vez de falar ou cantar como fazia, gemeu e gritou, jogou-se violentamente ao chão e precipitou-se em direção as portas, onde desmaiou. Os sacerdotes e as pessoas que a consultavarn, assustados, inicialmente fugiram. Mas voltaram mais tarde e a recolheram. Alguns dias depois ela morreu.

Gerações de estudiosos aceitaram essas explicações. Mas, por volta de 1900, um jovern especialista em temas do mundo clássico, o inglês Adolphe Paul Oppé, visitou as escavações conduzidas por arqueólogos franceses em Delfos. Não encontrou qualquer fenda, nem conseguiu obter informação sobre gases, publicando em artigo com três teses críticas. Em primeiro lugar nenhuma fenda ou emissão gasosa jamais existira no templo em Delfos. Em segundo, ainda que tivesse existido, nenhum gás natural poderia produzir um estado que se assemelhasse a uma possessão espiritual. Em terceiro, o relato de Plutarco sobre a pitonisa que passara por um violento frenesi, e morrera logo depois, era inconsistente com a descrição costumeira de uma pitonisa sentada em uma trípode, cantando as suas profecias. Oppé concluiu que todo o antigo testemunho podia ser invalidado.

Um apoio adicional para a teoria de Oppé surgiu em 1950, quando o arqueólogo francês Pierre Arnandry acrescentou que apenas uma área vulcânica, algo que Delfos não era, poderia ter produzido um gás como aquele descrito pelos autores clássicos. O caso parecia encerrado. A tradição original dos autores gregos e latinos sobrevivia somente nos livros populares e nas palavras dos guias locais. Mas a situação mudou nos anos 80, quando um projeto das Nações Unidas realizou uma pesquisa na Grécia sobre as falhas ativas (aquelas ao longo das quais terremotos foram gerados durante a uma centena de anos). Na ocasião, foram observadas superfícies de falhas expostas a leste e oeste do santuário - e que marcariam a linha de uma falha que corria ao longo do oraculo. Não se deu maior importância ao achado. Só mais de dez anos depois foi formada uma equipe para explorar melhor o local.

Durante a primeira pesquisa de campo, em 1996, foram realizadas investigações geológicas e examinadas as fundações do templo, expostas pelos arqueólogos franceses. O templo apresentava algumas características anômalas que exigiam uma interpretação especial de suas funções, mesmo que os relatos de Plutarco e outros não tivessem sido preservados. Em primeiro lugar, a parte interna do santuário e mais baixa, situando-se entre 2 e 4 metros abaixo do nível do solo circundante. Em segundo lugar, é assimétrica: uma interrupção na coluna interna alojava uma estrutura hoje desaparecida. Em terceiro lugar, construída diretamente sobre as fundações da área interrompida, ha um elaborado escoadouro para água de fonte, junto com outras passagens subterrâneas. Assim, o templo de Apolo parecia planejado mais para conter um pedaço particular de terreno que incluía uma fonte do que para proporcionar, conforme a função normal de um templo, uma morada a imagem do deus.

Durante esta primeira exploração, foi localizada a linha leste-oeste da falha principal, chamada de falha de Delfos, que havia sido observada anteriormente. Mais tarde, descobriu-se a superfície exposta de uma segunda falha em uma ribanceira acima do templo. Essa segunda linha, denominada de falhá de Kerna, ia do noroeste para o sudeste, cruzando a falha de Delfos no local do oraculo. Uma linha de fontes que atravessava o santuário e cruzava o templo marcava a localização da falha de Kerna abaixo da antiga plataforma e das ruínas de pedras.



Neste mesmo ano, a equipe arqueológica e geológica de Michael D. Higgins e Reynold Higgins (pai e fllho) publicou um livro sugerindo que essa era a pista certa. Em seu Geological companion to Greece and the Aegean, assinalam que a linha de fontes sugeria de fato a presença de uma "falha abrupta" indo de noroeste para sudeste através do santuário. Eles apontavarn também que não havia nenhuma razão geológica para rejeirar a antiga tradição. Higgins e Higgins teorizararn que o gás emitido poderia conter dióxido de carbono. Na década anterior, outra equipe cientifica detectara uma emissão semelhante em outro templo de Apolo, em Hierapolis (atual Parnukkale) na Asia Menor (atual Turquia e sede de ruínas de várias e extensas cidades gregas). Seguindo a pista de Estrabão, os pesquisadores modernos descobriram que o templo de Apolo em Hierápolis fora deliberadamente construído sobre uma abertura de gases tóxicos que, após concluído o templo, emergiam a partir de uma gruta nas fundações da construção. O templo em Hierapolis não era um lugar de profecia e o dióxido de carbono não era exatamente um tóxico inebriante, utilizado, isso sim, para tirar a vida dos animais destinados aos sacrifícios, de pássaros a touros. Ainda hoje o gás, emitido irregularmente, mata os pássaros que pousam sobre a cerca de arame farpado construída para manter as pessoas afastadas.

Outros templos de Apolo na Turquia, entretanto, eram oraculares e foram construídos sobre fontes ativas, como os templos em Didyma e Claros. Parecia surgir assim uma conexão evidente entre os templos de Apolo e os locais de atividade geológica.

O Treinamento prévio e a purificação, que podia incluir o jejum e a abstinência sexual, tornava a escolhida sensível aos gases

Embora as falhas recém-descobertas em Delfos indicassem que os gases e a água da fonte pudessem ter alcançado a superfície através das rachaduras. abaixo do templo criadas pelas falhas, não explicavam a produção dos próprios gases. De Boer, entretanto, observara depósitos de travercino, fluxos de calcita, depositados pela água da fonte, revestindo os declives acima do templo e até mesmo um antigo muro de arrimo. Esses fluxos sugeriram a De Boer que a água subia, através de profundas camadas de pedra calcária, para a superfície, onde depositava mineralizações de calcita (um fenômeno observado também em Hierápolis, na Turquia). Um exame dos estudos geológicos gregos sobre o monte Parnaso revelou que havia, entre as formações rochosas cretáceas nas proximidades do templo, camadas de calcário betuminoso que continham a elevada taxa de 20% de uma matéria petroquímica.

De Boer percebeu que um sistema tornava forma. As falhas, que estavam bem evidentes nas inclinações salientes do monte Parnaso, atravessavam o calcário betuminoso. O movimento ao longo das falhas criava a fricção que aquecia o calcário até o ponto em que as substâncias petroquímicas vaporizavam. Estas subiam então ao longo da falha junto com a água da fonte, especialmente nos pontos em que o falhamento cruzado tornava a rocha mais permeável.

Estado de Inconsciência - Com o passar do tempo, a obstrução dos espaços no interior da falha pelas crostas de calcita causava a diminuição das emissões de gás, que eram restabelecidas após um novo deslizamento tectônico.

O raciocínio de De Boer parecia de acordo com as descobertas dos arqueólogos franceses no início do século XX, que haviam finalmente alcançado o leito de rocha sob o ádito poucos anos após a publicação do artigo de Oppé. Abaixo de um estrato de argila marrom, eles encontraram a rocha que tinha uma "fissura provocada pela ação das águas. Acredita-se que essas fissuras foram criadas mais pelas falhas e deslocamentos que pela água, embora elas possam ter sido, com o tempo, ampliadas pela água subterrânea; em tentativas anteriores de alcançar o leito de rocha, os arqueólogos franceses observaram que as cavidades permaneciam cheias de água.

Acreditamos ainda que a rachadura visível no ádito possa ter sido uma fissura que se estendeu pela camada de argila acima do leito de rocha atravessado pela falha. Foram então colhidas amostras da fonte de Delfos, bem como amostras da rocha de calcário depositada pelas antigas fontes, onde foram encontrados metano e etano, produto da decomposição do etileno. A análise posterior de amostras da fonte de Kerna, no local do oráculo, revelou a presença de metano. etano e etileno. Como o etileno apresentava um aroma agradável, a presença deste gás parecia apoiar a descrição de Plutarco de um gás cujo cheiro se assemelhava ao de um sofisticado perfume.

Para ajudar a interpretar os possíveis efeitos que tais gases produziriam em pessoas alojadas em um espaço restrito como o ádito, o toxicólogo Henry Spiller integrou o projeto. Seu trabalho com adolescentes usuários de drogas que ficavam agitados ao inalar substâncias como cola e tiner, muitas das quais contém gases leves de hidrocarboneto, revelava uma série de paralelos com o relato do estado de transe experimentado pela pitonisa. Spiller descobriu ainda outros paralelos nos experimentos sobre as propriedades anestésicas do etileno realizados há 50 anos por Isabella Herb, pioneira americana em anestesia. Ela descobriu que uma mistura com 20% de etileno produzia um estado de inconsciência e que concentrações mais baixas induziam um estado de transe. Na maioria dos casos, o transe era benigno: o paciente permanecia consciente, era capaz de se sentar e de responder a perguntas, experimentava sensações físicas e euforia e tinha amnesia após retirado o gás. Ocasionalmente, porém, Herb observou reações violentas: o paciente emitia gritos enfurecidos e incoerentes e realizava movimentos descontrolados. Se o paciente tivesse vomitado durante este estado de exaltação, e parte do vômito penetrado em seus pulmões, a consequência seria, inevitavelmente, pneamonia e morte. Assim, a inalação do etileno poderia explicar as várias descrições dadas aos efeitos do pneuma em Delfos: seu aroma agradável e as diversas influências exercidas sobre as pessoas, inclusive o seu potencial letal.

Fonte: Revista História Viva Ed. 45 2007

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Primeiras Imagens de tumba maia milenar descoberta em 1999

Uma tumba maia com cerca de 1500 anos foi filmada por pesquisadores. Essas novas imagens feitas por arqueólogos podem lançar uma luz sobre a civilização maia, que ainda instiga uma série de dúvidas e mistérios.

Localizada em Palenque, no sudeste do México, a tumba foi vasculhada por uma minúscula câmera de vídeo. As imagens capturadas incluem figuras negras e vermelho-sangue que estão estampadas nas paredes e fragmentos de conchas e jade. Os pesquisadores acreditam que esses elementos fizeram parte de um ritual funerário.

A tumba em Palenque foi descoberta em 1999, mas ela não foi devidamente explorada na época porque os arqueólogos estavam com medo de prejudicar a antiga e frágil estrutura da pirâmide. Outro cuidado foi com os restos mortais de uma pessoa que possivelmente foi importante na antiga cidade maia, e que se encontra dentro do gabinete.

Palanque não é um local de fácil acesso. A cidade teve seu auge na época maia, mas após seu declínio, durante o século VIII d.C., ela foi engolida pela selva. Nas últimas décadas, a cidade foi amplamente explorada, mas ainda há muito a ser descoberto.

A pesquisa teve condições de acontecer agora porque os arqueólogos utilizaram uma minúscula câmera que foi dirigida por controle remoto e que manteve a estrutura da tumba intacta.

Ao contrário das outras tumbas de Palanque, o sarcófogo foi encontrado. Os pesquisadores acreditam que ele pertenceu ao primeiro governante de Palanque, K’uk Bahlam I ou a Ix Yohl Ik’nal, governante da cidade do sexo feminino. Como é grande número de tumbas em Palanque, há indícios de que a cidade teria sido uma espécie de cemitério maia.

Fonte: BBC



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